Leitores,
eu sei que já não tenho vindo aqui, postar qualquer coisa, por já mais de um ano. Entretanto, hoje, recebi um comentário em um dos posts publicados lá em 2007, que valem a minha retratação e destaque, além de repensar algumas besteiras que eu falei, principalmente na caixa de comentários. E ele diz respeito ao que muitos desconhecem ou fazem pouco caso, quando se fala de shows gratuitos nas areias de Copacabana.
Quando em 2007, eu tratei da suspensão do Live Earth em Copacabana, eu entrei em terreno desconhecido, alegando algumas coisas e levantando uns questionamentos que hoje, 2 anos depois me foram respondidos. A gente muitas vezes lida de forma rasa a respeito de questões que estamos influenciados pela mídia, ou alguma outra força política através dela, que desviam nossas atenções. Não faltam exemplos de pessoas e situações que comprovem essa teoria. Eu, nesse caso, pouco sabia da consternação vivida por quem mora em Copacabana, por conta dos eventos promovidos por lá. Como disse, em resposta ao comentário, eu não estava completamente leigo quanto a isso. Só não enxerguei o problema com sua devida importância.
Reproduzo, portanto, em partes – e por vontade própria – o email da Cristina Reis, Presidente da Assossiação de Moradores dos Postos 2, 3, 4 e 5, em Copacabana:
Gostaria de esclarecer o que acontece por debaixo do pano em relação aos megaeventos musicais nas orlas de nossas praias. Todo o litoral ´que vai da Brisa Mar até a Ilha do Governador, é tombado como Área de Preservação Ambiental. Alguns pontos (ou praia) é considerado como Permanentes como a Praia de Copacabana. O que quer dizer isso protegida contra a degradação e depredação ambiental.
Voltemos aos megaeventos musicais. Não é só 2 ou 3 milhões que são gastos por conta desses eventos. Só um cantor estrangeiro ganha em média esse valor. Ou então, como as Empresas OMO e a CASA BAHIA que fizeram particulamente e gastaram em torno disso. Os megaeventos musicais chegam ao patamar de mais de 10 milhões ou mais. O do Rolling Stone chegou ao limite de 15 milhões de reais. Que incluem, o pagamento da área VIP, os organizadores, montagem do palco, gradeamento, agência de publicidade, dos convites, dos prestadores de serviços, da segurança privada, funcionários, tendas médicas, enfermeiros, médicos, empresas privadas de saúde, os banheiros químicos, quiosques novos e etc.(…)
Entrei com a Ação a partir do primeiro show do Lenny Kravitz, em que antes não havia policiamento e estrutura suficiente para que você pudesse assistir ao Show sem problema.
Não pense Thiago, que as coisas rolavam a contento. Enquanto durava a música, tudo ia bem. O pior era no final do Show. O bairro de Copacabana virava a Terra de Malboro. Gang correndo atrás de polícia jogando pedra. adolescentes em coma alcóolico, curras e estupros. Um número sem fim de assaltos a mão armada, facadas, agressões e furtos de celulares câmares digitais e filmadoras. Na delegacia filas e filas de pessoas para fazer Boletim de Ocorrência que ultrapassou para mais 400 delitos em uma única delegacia da região, em que um dos shows, o do Rolling Stone, durou quatro dias em que os investigadores tiveram que fazer plantão para atender as demandas mais recentes. (…)Quanto ao AL Gore e o Live Earth (…) a Diretora do Meio Ambinete, Déborah, explicou-me a razão deles estarem alí. Eles não pediram a Prefeitura para fazer o evento na praia. O Prefeito Cesar Maia, é que se ofereceu. Mandou a sua irmã juntamente com o Presidente da Riotur ao exterior para fecharem o esquema com eles. Eles não gastariam nada porque a Prefeitura é que bancaria tudo. Se eles soubessem que uma pessoa não concordasse com evento na praia eles não viriam. Ainda mais, por ter sido gratuito. Enquanto, todos os países cobravam a entrada. (…)
A Ação Coletiva com os abaixos assinados, fotos, filmagens foram uns vintes Inquéritos Civil de uns cinco anos até 2008 quando saiu o Prefeito Cesar Maia.
Por que no ano de 2009 com a atual Prefeitura a razão de não ter tido mais os megaeventos? Porque se houver algum desses megaeventos musicais, a Coca Cola, TIM, CLARO, AUDIORAMA quem são os maiores patrocinadores e interessados terão que ressacir o bairro de Copacabana na ordem de 1 milhão de reais por danos ao patrimônio privado que serão revertidos em projetos sociais. E isso eles não querem.
O comentário, na íntegra, da Cristina Reis, pode ser conferido na caixa de comentários do post relacionado.
Aos que se interessarem em ler, abaixo, reproduzo, na íntegra, minha resposta à Cristina Reis:
Oi Cristina Reis!
Pra começar, me desculpe por ter sido tão superficial quando tratei do tema, no blog que eu já nem atualizo mais. De qualquer forma, ele ainda está lá, e, portanto, ainda expõe a minha opinião que, sim, foi rasa, influenciada pelas jogadas de marketing de manipulação política. Não vou dizer que eu não soubesse de um ou outro dado a respeito de como ficava o bairro, no pós-show. Só que, sinceramente – e isso eu falo como porta-voz de todas as outras pessoas tão alheias aos fatos que você expos – parecia mais ser alguns casos isolados, alguma representação da incivilidade de alguns poucos. Nesse caso pra mim, distante, não parecia mais do que algum dado mínimo comparado ao ganho para a cidade. E lógico, estava errado nesse pensamento também. Como você bem expôs, a prefeitura não mediu esforços pra bancar essa imagem da cidade. E como consequência disso, mascaravam determinados problemas de forma a ampliar a publicidade que eles queriam alcançar. Não vou também achar que esse era um dano ao bairro que eles calculavam e esperavam, não estamos falando de nenhum “terrorista” no poder, mas, devo concordar que era uma forma de promoção, nas intenções que eles pretendiam, aliada a um descaso da opinião de quem realmente merece ter voz, que são as pessoas diretamente afetadas pelos transtornos.
Entretanto, Cristina, uma coisa me intriga: não desmerecendo nada exposto e tratado por você nessa mensagem, mas, mais por uma curiosidade, como fica a relação de vocês com o reveillón tradicionalmente promovido nas areias de Copacabana? Sim, porque os danos ao bairro são de mesma, ou maior proporção que os relacionados aos shows. Acho que dá pra eu ter uma idéia do que você vai me responder, analisando pela redução de palcos nas areias de Copacabana. Teria sido uma intenção de trazer menos pessoas pra comemorar a virada do ano no bairro?
Eu não sei, exatamente, uma fórmula pra aplicar mais civilidade aos grupos de pessoas que se reunem, pro evento que for. Tiro por mim, que não urino no portão da casa dos outros, nem faço das areias da praia de banheiro e creio que mesmo num show de 1 milhão e meio de pessoas, ao menos 95% das pessoas não promovem desordem. Mas os hipotéticos 5%, do valor que for, já fazem um estrago, e devem ser considerados. Acho que, pelo menos, uma ação de conscientização higiênica da população, como um todo, não num evento focado, traria mais benefícios pra cidade, em geral. Um exemplo disso, claro, salvo devidas proporções, sãos os concertos de música clássica promovidos pelo Jornal O Globo. Educação e civilidade não tem a ver exclusivamente com o erudito, com o seleto. Se todos soubessem, mesmo depois de um show Heavy Metal, retornar às suas casas de forma que não pertubasse aqueles que cederam seus espaços pra abrigar o evento, seria maravilhoso.
É um caso complicado sabe, Cristina. Tenho que admitir que, infelizmente, suas ações, atraves da AMA 2345 são mais eficazes em evitar isso, de imediato, do que a utopia de uma cidade mais civilizada, a curto prazo, dados os graves problemas de segurança que nossa cidade enfrenta nela inteira.
Como eu disse no início, já não atualizo mais o blog, mas, devido à seriedade com que foi tratado o tema por você, mesmo que eu já não tenha mais os leitores, nem eles o autor do blog publicando lá, vou destacar sua mensagem no corpo do texto publicado, e minhas devidas retratações.
Sinta-se, por favor, apoiada na sua causa Cristina!
Thyago Miranda
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